A Memória
Memória
Processo de recordar conteúdos que foram adquiridos e armazenados para serem posteriormente utilizados.
É o sustentáculo das nossas aprendizagens, permitindo ao ser humano um sistema de referências relativas à sua experiencia vivida e ao reconhecimento de si como pessoa de identidade própria.
Aprendizagem e memória são processos indissociáveis, pois uma conduta só se considera aprendida se for retida ou memorizada e só se pode reter o que foi aprendido.
Segundo o Modelo de processamento de informação, a memória inclui as fases:
- Receção e codificação: a informação é recebida e convertida em formatos psicológicos mentalmente representáveis, preparando-se para o armazenamento.
- Armazenamento: depois do tratamento, a informação é guardada num grande depósito.
- Recuperação: sempre que necessitamos de uma informação há que ir buscá-la ao armazém.
- Esquecimento: os dados mnésicos perdem-se com o tempo, e este desaparecimento vai permitir adquirir conteúdos novos.
Este modelo considera a existência de três tipos de memória.
Tipos de memória
Memória sensorial
As informações sensoriais são provenientes dos estímulos armazenados na memória sensorial por um curtíssimo espaço de tempo (+/- 0,25 s).
Regista as impressões visuais, auditivas, olfativas ou tácteis sem as processar.
Aí são retidos onde permanecem sem qualquer tratamento ou análise.
As informações passam por esta memória, sem receber nenhum processamento, se lhes prestamos atenção, então os dados codificam-se e são transferidos para a memória a curto prazo, se não lhes prestarmos atenção acabam por se deteriorar.
Memória a curto prazo
Retém temporariamente a informação que aí permanece durante um período mais longo do que na memória sensorial, não ultrapassando os 60 s.
As lembranças só aí estão disponíveis durante o tempo necessário para serem utilizadas.
Tem capacidade de armazenamento limitada (8 itens), podendo ser aumentada se os itens forem associados em grupos.
Cabe a esta memória selecionar e enviar os conteúdos significativos para a memória a longo prazo.
Memória a longo prazo
Concede-nos a capacidade de recordar uma quantidade substancial de informação durante períodos bastante longos.
Tem grande flexibilidade na codificação dos materiais, tanto pode ser codificada em termos de imagem como verbal (significado).
Recuperamos continuamente informação da memória a longo prazo, sendo a recordação um processo gerido pela memória a curto prazo.
Fatores explicativos do esquecimento
Distorção do traço mnésico: a distorção do traço mnésico deve-se a falhas que podem ocorrer na codificação, no armazenamento ou na recuperação dos conteúdos.
Interferência de outras aprendizagens: as interferências promotoras do esquecimento podem fazer-se sentir em esquecimento por inibição proactiva (deterioração dos conteúdos mnésicos provocada pela interferência de recordações passadas) e esquecimento por inibição retroativa (deterioração dos conteúdos mnésicos provocada pela interferência de novas informações).
Motivação inconsciente: Freud chamou recalcamento ou repressão à tendência que os seres humanos têm de evitar inconscientemente a recordação de certas impressões e situações penosas.
Há uma dimensão positiva no esquecimento, na medida em que desempenha uma função seletiva; o psiquismo necessita de depurar materiais, filtrar os conteúdos mnésicos, eliminando muitos deles, antes de se fazerem novas aquisições.