A Perceção

 

    Cognição é o termo com que os psicólogos cognitivistas designam o pensamento, a formação dos conhecimentos e a relacionação de uns com os outros. Nesse sentido, a psicologia cognitiva interessa-se pelo estudo dos processos mentais ligados ao pensamento, procurando determinar aquilo que as pessoas sabem, como sabem, como imaginam, como planificam e como organizam o saber de forma a resolver problemas. Interessa-se igualmente pela expressão verbal do pensamento e a sua comunicação entre as pessoas.

    Nesta reflexão darei atenção à perceção. Na aula de psicologia aprendemos que a percepção é uma operação cognitiva essencial na compreensão do mundo à nossa volta. Quando somos impressionados por estímulos, a percepção já nos permite saber de que coisas se tratam. Por ela ouvimos conversas, música, ruídos e sabemos o que essas coisas são; vemos livros, pessoas, automóveis, cenas na televisão e identificamos todas estas realidades; sentimos diversos cheiros, diferenças de temperatura e de cor; distinguimos doces de salgados; sofremos dores de cabeça; contorcemo-nos com náuseas; sentimo-nos indispostos ou aliviados. E reagimos adequadamente a tudo isto, porque nos sentimos num mundo familiar devidamente organizado. Mas os estímulos, por si sós, nada nos dizem. Eles são mudos, apenas dizendo alguma coisa depois de sujeitos a um processo de "leitura". Sons e cores, por exemplo, são algo que só adquire realidade quando os impulsos nervosos provocados pela estimulação do tímpano e da retina alcançam áreas cerebrais específicas. Só aí é que surge, então, a consciência de qualquer coisa de significativo.

    A atenção é um mecanismo que nos ajuda a seleccionar a informação. A atenção actua nos órgãos receptores e córtex cerebral, faz com que percecionemos umas coisas em detrimento de outras, que foquemos alguns estímulos, ignorando outros. A atenção é por isso a concentração da nossa mente sobre qualquer coisa que nos atrai e nos surge de modo evidenciado. Há dois tipos de atenção: a voluntária e a involuntária.

- A atenção voluntária depende do indivíduo, dos seus interesses e motivações.

- A atenção involuntária é despertada pelo meio exterior, evidenciando um objeto em relação aos restantes.

 

FACTORES DE ATENÇÃO

          LIGADOS AO SUJEITO                  

LIGADOS AO OBJECTO

· Necessidades   

                                

· Intensidade

· Motivações    

                                  

· Contraste

· Gostos                             

· Tamanho

 

· Hábitos                            

· Cor

 

· Expectativas                       

· Movimento

 

· Profissão                          

· Luminosidade

 

· Experiências                       

· Novidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    A atenção é influenciada por variados fatores, sendo uns ligados ao sujeito e outros ligados ao objeto.

 

    Para interpretar a informação dos estímulos captados pela visão, o homem segue algumas estratégias, entre as quais a tendência à estruturação; a segregação figura-fundo e a constância perceptiva.

 

    A tendência a estruturação baseia-se no facto de o indivíduo ser naturalmente levado a organizar ou estruturar os diferentes elementos que se lhe deparam num campo de estimulações complexo. Tendemos a estruturar elementos que se encontrem próximos uns dos outros ou sejam semelhantes. O sujeito ao percepcionar faz da percepção um fenómeno subjectivo de interpretação e criação.

 

    A segregação figura – fundo parece ser independente da experiência, pois cegos de nascença a quem foram tratadas as cataratas, discriminaram em situação experimental formas salientes em fundos neutros.

 

    A constância perceptiva consiste na melodia, mesmo transportada para outro tom, auditivamente percepcionada como sendo a mesma melodia. Isto é possível porque o indivíduo possui uma resistência acentuada à mudança. Apesar de variar a natureza dos estímulos a percepção manifesta-se de forma estável. Em relação à visão, convém salientar a constância do tamanho, da forma e da cor.

    Mas a perceção da informação é diferente de sujeio para sujeito, logo o sujeito ao percepcionar faz da percepção um fenómeno subjectivo de interpretação e criação. Assim, como um rio de águas límpidas e margens floridas e frondosas constitui uma estrutura de significantes a que os sujeitos diferentes atribuem significações diversas. O pescador vê a possibilidade de uma abundante captura de peixes, o agricultor tentará nas margens terreno óptimo para boas culturas – e na sua fácil irrigação e o artista apreciará as formas naturais, o colorido e a beleza paisagística.

    A percepção é a imbuída de subjectividade. Assim as mensagens objectivas, emitidas pelas estruturas de estímulos dão azo a percepções diversificadas em harmonia com as significações subjectivas de cada um. Por exemplo, as palavras são meros sinais emitidos que, ao serem captados, podem receber significações discordantes do conteúdo da mensagem emitida.

    O fenómeno perceptivo não depende apenas da objectividade das estruturas de múltiplos estímulos, mas também da especificidade da organização operada pelo sujeito, atribuindo-lhe significações próprias.

 

    Alguns factores de significação:

- Experiência anterior: A vulgaridade das palavras e das situações, os hábitos e da familiaridade com os objectos, sendo elementos constitutivos da nossa experiência anterior e variando de individuo para individuo imprimem à percepção um cariz perfeitamente pessoal e único.

- Motivação: Em cada sujeito existem predisposições que mobilizam e orientam, em dado sentido, a actividade perceptiva, Ao percepcionar o sujeito é influenciado pelas suas próprias motivações.

- Contexto Social: Dentro da mesma comunidade cultural, a percepção varia ainda conforme o estatuto, o passado do indivíduo, o estado interno, o sexo e a idade. Estes são factores de significação que, de modo directo ou indirecto, se relacionam com outros já referidos.

    Na aula aprendemos que o nosso cérebro pode ser enganado causando ilusões. Irei mostrar como exemplo a seguinte situação:

    Ao observamos a figura que se segue, percepcionamos os segmentos de recta AB e CD como tendo comprimentos diferentes. Contudo, se os medirmos com uma régua, tal não se verifica.

 

    Com o estudo deste tema tive a possibilidade de aprender que nem todas as pessoas percepcionam tudo da mesma forma, factores como a idade ou o sexo, influenciam a perceção e que facilmente a podem enganar, pois apesar de o nosso cérebro ser uma “máquina” fantástica também comete erros. A perceção, no fundo, permite-nos percecionar o nosso ambiente em função do nosso pensamento. Proponho, com isto o visionamento de um vídeo como forma de testar o nosso cérebro, percebendo melhor acerca do tema da percepção - https://www.youtube.com/watch?v=1yAuanGbeG4 .

 

Liliana Bonito, Nº13, 12ºA