Genética
A Genética é o campo da biologia que estuda a natureza química do material hereditário, isto é, o mecanismo de transferência das informações contidas nos genes, compartilhados de geração em geração, ou seja dos pais para os filhos. Esta é muito utilizada atualmente para localizar o funcionamento irregular de estruturas cromossômicas, ainda no desenvolvimento embrionário, bem como para prevenir e eliminar problemas que posteriormente poderiam tomar proporções irreversíveis, através das chamadas terapias génicas. É possível dispor das teorias genéticas para descobrir o funcionamento dos genes e como eles interagem entre si.
O monge austríaco Gregor Mendel, em 1864, deu a sua fundamental contribuição à Genética tal como hoje é conhecida. Ele realizou diversas experiências com ervilhas, revelando de maneira inédita os modelos hereditários presentes nas ervilheiras, descobrindo que eles estavam submetidos a normas estatísticas fáceis de compreender. A partir destas investigações ele propôs a criação de várias leis que regem os procedimentos próprios da hereditariedade, sem ainda ter estudado a molécula de DNA.
No âmbito da Genética existem variados assuntos dos quais se podem desenvolver, no entanto eu decidi aprofundar o tema relacionado com a clonagem uma vez que, é um assunto bastante falado e do qual existe muita informação.
A Clonagem define-se como sendo um método científico artificial (ou natural) de reprodução que utiliza células somáticas, células com os quais se formam órgãos, tais como a pele ou os ossos, em substituição do óvulo e do espermatozoide. É um processo de reprodução assexuada ou multiplicação vegetativa que resulta na obtenção de cópias geneticamente idênticas de um mesmo ser vivo – microrganismo, vegetal ou animal.
Em biologia, um clone é o resultado de um conjunto de células geneticamente idênticas que são todas descendentes de uma célula ancestral. É também a réplica exata de um gene obtido por engenharia genética. Os gêmeos univitelinos (formados a partir de um mesmo zigoto) são clones naturais, que, por compartilharem do mesmo DNA, são geneticamente iguais.
Existem vários tipos de clonagem, tais como:
• Clonagem natural; Clonagem induzida; Clonagem reprodutiva; Clonagem terapêutica; Clonagem embrionária.
A clonagem natural ocorre espontaneamente na Natureza, sendo comum a diversas espécies.
Ocorre em espécies que têm capacidade de se reproduzir assexuadamente, isto é, sem a união de gâmetas, e as crias são geneticamente iguais ao progenitor, uma vez que possuem o mesmo património genético.
Existem vários processos de reprodução assexuada, sendo os mais conhecidos a fragmentação, a partenogénese, a bipartição, a gemulação, a esporulação e a multiplicação vegetativa.
A Clonagem Induzida artificialmente é uma técnica da engenharia genética aplicada em vegetais e animais, ligada à investigação científica. O termo aplica-se a uma forma de reprodução assexuada produzida em laboratório, de forma artificial, baseada num único património genético. A partir de uma célula-mãe, ocorre a produção de uma ou mais células (idênticas entre si e à original), os clones. Os indivíduos resultantes, ou seja, os clones, deste processo terão as mesmas características genéticas do indivíduo «doador», também denominado «original».
A Clonagem Reprodutiva, como o nome indica, implica a transferência de uma célula somática. Esta célula somática, é introduzida numa célula retirada de um animal (ou humano), logo depois da ovulação. Antes de introduzir a célula somática, o cientista deve remover os cromossomas que contêm genes, e funcionam para continuar a informação genética da célula recipiente.
A Clonagem Terapêutica é um procedimento cujos estágios iniciais são idênticos à clonagem para fins reprodutivos mas que difere no facto do blastocisto não ser introduzido no útero: é utilizado em laboratório para a produção de células a fim de produzir tecidos ou órgão para transplante.
Esta técnica tem como objetivo produzir uma cópia saudável do tecido ou do órgão de uma pessoa doente para posterior transplante. As células embrionárias são particularmente importantes porque são multifuncionais, isto é, podem ser diferenciadas em diferentes tipos de células. Podem ser utilizadas no intuito de restaurar a função de um órgão ou tecido, transplantando novas células para substituir as células perdidas pela doença, ou substituir células que não funcionam adequadamente devido a defeito genético (ex: doenças neurológicas, diabetes, problemas cardíacos, derrames, lesões da coluna cervical e doenças sanguíneas etc.).
Por fim, a Clonagem Embrionária consiste em remover uma ou mais células de um embrião e provocar o seu desenvolvimento completo, formando um novo embrião com a mesma carga genética daquele que lhe deu origem.
Esta técnica já é muito conhecida e aplicada com sucesso num grande número de espécies. Eventos similares têm também ocorrência natural. Quando o ovo (ou zigoto), logo após as primeiras divisões celulares, tem uma ou mais das suas células separadas naturalmente produzem-se os conhecidos gémeos univitelinos (clones naturais).
A clonagem ainda não foi entendida por completo pelos médicos e cientistas, no que se refere aos conhecimentos teóricos. Na teoria seria impossível fazer células somáticas atuarem como sexuais, pois nas somáticas quase todos os genes estão desligados. Mas, a ovelha Dolly, foi gerada de células somáticas mamárias retiradas de um animal adulto. A parte nuclear das células, onde encontramos genes, foi armazenada. Na fase seguinte, os núcleos das células somáticas foram introduzidos dentro dos óvulos de uma outra ovelha, de onde haviam sido retirados os núcleos. Desta forma, formaram-se células artificiais. Através de um choque elétrico, as células foram estimuladas, após um estado em que ficaram "dormindo". Os genes passaram a agir novamente e formaram novos embriões, que introduzidos no útero de uma ovelha acabaram por gerar a tão conhecida ovelha Dolly.
A ovelha Dolly morreu alguns anos depois da experiência e apresentou características de envelhecimento precoce. O telómero (parte do cromossomo responsável pela divisão celular) pode ter sido a causa do envelhecimento precoce do animal. Por isso, o telómero tem sido alvo de pesquisas no mundo científico. Os dados estão a ser, até hoje, analisados, com o objetivo de se identificar os problemas ocorridos no processo de clonagem. A embriologia e a engenharia genética têm feito pesquisas também com células-tronco e na produção de órgãos animais através de métodos parecidos com a clonagem.
Contudo, a clonagem apresenta aspetos positivos como também aspetos negativos. As principais vantagens que a clonagem disponibiliza ao homem são:
- Redução das hipóteses de aparecimento de certas doenças genéticas;
- Diminuição das vítimas de ataques cardíacos;
- Extinção de problemas de cirurgia plástica e estética;
- Possibilidade de tornar saudáveis muitos tetraplégicos;
- Rejuvenescimento do organismo.
Em oposição aos aspetos positivos, existem também algumas desvantagens da clonagem relativas ao ser humano:
- O processo de clonagem é ainda principiante, podendo ser vista como um atentado à vida;
- As experiências realizadas mostram que os seres clonados não apresentam boa saúde nem têm uma longa esperança de vida;
- A formatação genética conseguida pela clonagem conduz à uniformização ou massificação das características dos seres clonados;
- A clonagem pode causar nas pessoas problemas emocionais e psicológicos relacionados com a crise de identidade;
- Pode causar o aparecimento de um mercado ilegal de doadores de células;
- Existe sempre o risco de reanimar o fantasma do ideal eugénico, isto é, concretizar o “sonho de H…” e tentar criar uma “raça perfeita” de seres humanos.
A clonagem é um tema bastante delicado e é alvo de opiniões muito distintas, sem que nenhuma delas seja perfeitamente aceite e correta.
Aquando da realização desta pesquisa e da observação do documentário “A clonagem”, na minha opinião, esta apresenta duas faces, cada uma com características completamente distintas.
Dentro de uma sociedade em que as doenças parecem reinar perante as terapias, torna-se, de facto, indispensável encontrar meios para que tal situação se inverta. Com a clonagem de embriões poder-se-ão obter células-mães a partir das quais se poderão fabricar órgãos e tecidos. Quantas serão as pessoas beneficiadas com estas técnicas? Em certos casos é afirmado por parte da comunidade científica que a clonagem permitirá combater o cancro. Sendo o cancro uma das doenças mais perigosas do nosso mundo, porque não abrir portas à clonagem?
De facto, estes benefícios são muito importantes tendo em conta somente os avanços científicos.
Por outro lado, analisando a clonagem sob o ponto de vista ético e moral verifica-se que o avanço da clonagem de embriões humanos é verdadeiramente contra a ética, podendo afirmar-se que a clonagem se encontra nos limites da ética. Ninguém sabe qual é o êxito da clonagem! Qual será a condição de um bebé clonado? Será que viverá com boa saúde? Não será correto “produzir” em laboratório um ser humano com a mesma informação genética de outro, disso não restam dúvidas. Nós, seres humanos, não temos o direito de clonar um bebé com a simples razão de ser necessário para avançar a ciência e de encontrar terapias eficazes. Sob este ponto de vista, a clonagem é, de facto, uma “irresponsabilidade criminosa” e não poderá ser apoiada e promovida. Pensemos, quais são as consequências se esta prática cair nas mãos de terroristas? Tal como se podem descobrir terapias a partir da clonagem, também se poderão criar novas doenças. Qual seria então o efeito se tal acontecesse? Na minha opinião certamente seria devastador!
Por fim, perante tal assunto e tal polémica, torna-se extremamente importante que se encontre um ponto convergente, para que, tanto os interesses morais e éticos, não sejam verdadeiramente prejudiciais. Terão de ser analisadas todas as ideias a este respeito, porque uma vez aberta a porta a uma prática científica como a clonagem será completamente impossível expulsá-la de casa.
Não se pode defender de modo razoável que tudo o que é tecnologicamente possível deve ser eticamente permitido. Há limites éticos que não devem ser ultrapassados. O problema reside em descobrir quais são esses limites e por isso a discussão ética continua acesa e em aberto.